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26/09/2018

Como os corticoides podem fazer mal para a saúde dos olhos?

O uso em excesso de medicamentos à base de corticoides pode trazer riscos para a saúde dos olhos. Quando utilizados de maneira indiscriminada e sem prescrição médica, essas medicações podem causar elevação da pressão ocular e causar doenças como glaucoma, catarata e até mesmo levar a cegueira.

O uso indiscriminado de colírios sem prescrição médica é o principal fator de risco. Nem sempre esses medicamentos exigem a apresentação de um receituário médico e o seu uso sem acompanhamento de um profissional de saúde acaba causando problemas futuros.

As vendas destes remédios não são reguladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e, por isso, é fácil ter acesso a eles. Uma das principais medidas para evitar que esse problema ocorra é consultar um oftalmologista regularmente e utilizar colírios apenas sob prescrição médica.

A Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) já pediu à Anvisa algumas vezes uma petição para restringir o uso de alguns produtos oftalmológicos. O ideal seria que houvesse a retenção de receita para a venda de alguns tipos de colírios.

Medicamentos de uso oral x efeitos colaterais

Mas não é apenas a presença de corticoides nos colírios que podem causar problemas. Remédios de uso oral e que têm essa substância como base podem trazer problemas nos olhos como efeitos colaterais.

Produzidos nas glândulas suprarrenais, os corticoides são hormônios que atuam como anti-inflamatórios eficazes no combate às doenças que são causadas pelo sistema imunológico e no controle de inflamações provocadas por processo alérgico.

Um dos exemplos são os remédios à base de cortisona, muito usados para combater as crises asmáticas. Outro exemplo são algumas inflamações como artrite reumatoide, alergias e problemas pulmonares, que também acabam sendo tratados com medicamentos que possuem corticoides em sua fórmula.

As pessoas que usam corticoides continuamente, independente da forma de apresentação do medicamento, podem desenvolver doenças oftalmológicas. Não importa a forma, seja ela comprimido, pomada, colírio ou injeção, o fato é que a substância entra na corrente sanguínea e pode trazer problemas.

Os remédios que contém corticoides e bastante usados são: prednisona, prednisolona, hidrocortisona, dexametasona, metilprednisolona e beclometasona.

Doença silenciosa

O risco em desenvolver glaucoma, para as pessoas que fazem uso contínuo de cortisona, é bastante alto. Um dos problemas é que o glaucoma é uma doença silenciosa e, na grande parte dos casos, só irá apresentar sintomas depois que já estiver bem desenvolvida.

É uma doença que atinge o nervo óptico, causa o aumento da pressão nos olhos e pode levar à cegueira irreversível.  Causa o estreitamento progressivo do campo de visão e o principal sintoma, que aparece já em estágio avançado, é a visão tubular. O glaucoma não tem cura, por isso é tão importante fazer o exame oftalmológico regularmente.

Atualmente existem no mundo cerca de 60 milhões de pessoas afetadas pelo glaucoma. No Brasil, segundo a SBG, esse número é de 1,5 milhão em 2017. Em um terço dos casos, o indivíduo é portador de glaucoma secundário, em que é possível identificar a causa e sendo que um dos principais fatores é o uso indiscriminado de corticoides.

Catarata

Como já foi citado anteriormente, a catarata é outro problema causado pelo uso excessivo de medicamentos com cortisona. É a principal causa da cegueira no mundo e pode ser curada. A doença é mais comum nos idosos.

De 15 a 20% dos usuários de corticoides podem desenvolver a catarata. Ela afeta o cristalino, uma espécie de lentes dos olhos, e com a sua progressão vai o deixando opaco. Causa a perda gradual da visão, prejudicando a absorção de luz e dificuldades na percepção das cores.

Os principais sintomas são a dificuldade em enxergar, visão embaçada, aumento de sensibilidade à luz e alteração na cor do olho. Assim que é detectada, a cirurgia deve ser realizada, apresentando-se como a única alternativa para tratamento, independentemente da idade da pessoa.

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Dr. Leonardo Poli

CRM/PR – 18150
RQE – 26366

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